A silicose mantem alta prevalência em Minas Gerais, e vem alterando o seu perfil, de acordo com a doutora em Saúde Pública Ana Paula Scalia Carneiro, pneumologista do CEREST/UFMG. As principais causas desta mudança no perfil estão relacionadas ao aumento da procura dos serviços de saúde pelos trabalhadores do mercado informal de trabalho, e ao crescimento do trabalho infantil. Paralelamente, há uma diminuição de procura por trabalhadores das grandes mineradoras, em virtude da melhoria das condições de trabalho ocorridas nos últimos dez anos.
O diagnóstico vem sendo traçado de acordo com o perfil demográfico e ocupacional dos pacientes que procuram o ambulatório de pneumologia ocupacional do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador de Minas Gerais. O deslocamento de casos de silicose para o setor informal traz grandes desafios para a prevenção primária e secundária da doença e a sua eliminação.
O tema de autoria de pesquisadores da UFMG, que contou com a colaboração da Fundacentro, foi apresentado no "Seminário sobre Sílica e Asbesto - Estado da Arte" em Viterbo, Itália, pela doutora Ana Paula. E também durante a Conferência Científica Internacional da International Occupational Hygiene Association (IOHA) em Roma, pela doutora Ana Paula e pelo doutor Eduardo Algranti. Os eventos ocorreram no mês de setembro.
Os dois especialistas apresentaram os principais avanços e dificuldades do Programa Nacional de Eliminação da Silicoses, que foi objeto de debates durante a oficina de trabalho sobre sílica realizada durante a conferência da IOHA. Experiências de programas na África do Sul e União Européia foram também temas de debate.
O pesquisador da Fundacentro discorreu também sobre a situação do asbesto no Brasil, que aponta para o gradual aumento de casos de câncer de pleura no País. Embora tenha ocorrido uma diminuição no consumo interno de asbesto no Brasil, houve um significativo aumento da exportação deste mineral a países em desenvolvimento. As precárias condições de trabalho nestes países fornecem o terreno para o aumento das doenças associadas ao asbesto, incluindo o mesotelioma.
Na avaliação do pneumologista, comparando-se a prática da Saúde e Segurança no Trabalho entre Brasil e Itália, o país europeu possui uma forte presença do setor público neste campo, o que torna a prática da especialidade mais isenta de interesses, levando a benefícios na investigação e verificação de ambientes de trabalho e na identificação e notificação de doenças ocupacionais.
Fonte: Fundacentro
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